As festas de aniversário do Gael

Oi, gente!
Tô voltando, aos poucos, mas morrendo de saudade desse meu cantinho cheio das minhas histórias!
Me afastei por motivos de saúde (o que vou explicar com mais detalhes em um outro post, mais pra frente), mas acredito que esse tempinho tenha sido de maturação, amadurecimento, como todos os "tempinhos" que dei aqui no blog, então, se vocês notarem uma pequena diferença nos meus textos, talvez não seja mera coincidência, tá?

Eu decidi recomeçar com esse tema, porque esse sempre foi um assunto que me perturbou muito. Eu vou contar um segredo pra vocês: desde que a página foi criada, eu sempre quis fazer aqueles posts típicos de blogueirinha, aqueles das mães famosas "Tutorial da Festa do Gael", e eu escrevendo horrores sobre como foi confeccionar os detalhes, os artesanatos, quais foram as peças mais baratas, fazer DIY, essas coisas. Eu ainda tenho esse desejo (vai que rola um dia, né?), mas a questão é: isso nunca aconteceu. E o pior:


EU ME SENTIA EXTREMAMENTE CULPADA POR ISSO!

Aos meus olhos, esse tipo de festa era, na verdade, a demonstração pública de todo o amor que uma mãe tem por um filho; de todo o seu zelo e cuidado com ele, e do quanto ele era importante na vida dela. Não fazer isso era colar um atestado de péssima mãe na minha testa (e só as mães sabem que a pior cobrança de ser uma boa mãe não vem dos outros, mas sim dela mesma).

O aniversário do Gael é em abril. Como sou muito ruim em organização - até da minha própria vida -, chegava fevereiro e eu já estava desesperada porque novamente, não ia ter um festão-com-tudo-que-tem-direito no dia do meu filhote. E lá ia eu, chorar, me descabelar, lamentar eternamente a minha incapacidade como mãe, de como eu era péssima e porque meu filho tinha uma mãe tão relapsa como eu (bem canceriana e dramática meeeeesmo).


Última festa de aniversário de 3 anos do Gael - foto sem efeito.


Sabe aquelas festinhas de "mêsversário" que as mamães geralmente fazem, com direito a tema e bolo decorado, lembrancinhas e motivos? Nunca fiz. O máximo de temático que alguma festa de mêsversário do Gael teve foi colocar um boneco da Copa do Mundo em cima do bolinho de 2 meses dele. E só.
Aí, lá vai Karol olhar o Facebook das amigas mães e: até fantasia os bebês tinham.
Existia mãe mais desnaturada que eu??? Mas aí eu pensei o que a maioria de nós, mães, pensamos: no próximo aniversário eu vou fazer melhor.

Daí...
Festinha feita com a ajuda da família, 1 ano do Gael.

1 ano  - abril de 2015

As pessoas já percebiam minha preocupação de longe. Estávamos numa situação financeira muito
complicada na época e não tínhamos grana pra fazer uma festinha bacana. E isso estava me deixando realmente mal; recém saída de uma depressão pós-parto, a festa de 1 ano do Gael era realmente significativa pra mim. Tão significativa que minhas melhores amigas resolveram dar ao meu filho uma festa surpresa e, em contrapartida, toda a minha família ajudou a realizar uma outra festinha.
 Resultado: Eu tão ansiosa por fazer uma festa bacana pro meu filho, e no final, ele ganhou duas.







Festa SURPRESA do Gael, realizada pelas minhas amigas.








Aniversário de 2 anos do Gael
2 anos  - abril de 2016
Lembro que separei latas de leite moça para fazer as lembrancinhas DIY, planejei o tema (que seria dos Vingadores, porque Gael é fascinado pelos super heróis da Marvel), pensei em quanto gastaria, tentei planejar algum espaço para a realização da festinha dos sonhos.
E no final: abril, pior do que no ano anterior, chegou numa crise financeira monstro. Minha família e eu estávamos ainda mais apertados, e no final, a festinha do Gael só foi possível graças à colaboração de uma grande mana que conheci com o feminismo.
Resultado: Teve docinho. Teve bolo. Mas não fiz a super festa.


Mesa do Gael: 2 anos


3 anos - abril de 2017
Sabe quando você REALMENTE incorpora o espírito do "agora vai"? Foi isso o que ocorreu comigo. Movimentei muita gente próxima pra planejar esse aniversário comigo; consegui o local, o tema e tudo o que precisava, estava firme no propósito do DIY e até cheguei a esboçar o convite do Gael no PhotoFiltre, e aí?

3 anos do Gael, em nossa terceira festinha caseira.

A minha falta de organização imperou. Não consegui juntar o montante necessário para dar a festa que eu queria. Então, coloquei o dinheiro que havia separado numa festinha simples, e no presente do Gael, que ele acabou amando.
Resultado: Meu planejamento foi 10 mil vezes maior. Consegui chegar no quase, e juntar uma graninha. Mas minha organização não me permitiu fazer a festa que eu tanto queria.



E eu sei que você tá esperando um desfecho super bacana de como eu consegui superar isso, mas, na verdade, esse é um texto sobre algo que eu não superei.
E pra você que pode estar pensando que isso é babaquice: É sim. E não é ao mesmo tempo.

Não é porque, na sociedade consumista e capitalista em que vivemos, a gente aprendeu a associar diretamente SER UMA BOA MÃE e PODER DAR TUDO O QUE O FILHO DESEJA. Isso fica na nossa cabeça, e muitas vezes, perdemos o sono com o autojulgamento e aquela frase que martela na nossa mente de "eu poderia ser uma mãe melhor se eu desse..."/"eu seria uma boa mãe se eu comprasse..."/"se eu pudesse... eu seria uma mãe perfeita".
O nosso lado racional sempre nos diz que mães perfeitas não existem.
Mas a imposição social que sofremos, juntamente à cobrança externa que acabamos internalizando sempre nos diz que se não existe, deveríamos tentar.
E é sim uma babaquice, porque lutamos contra isso a todo o tempo. Como boa feminista que sou, não sou muito adepta do "as mães antigamente não nos davam de tudo e éramos felizes", mas, não é que é? Não fomos mais ou menos infelizes na idade adulta, por um brinquedo ou um jogo que não ganhamos quando crianças. Muito menos porque nós não ganhamos a festa que a gente queria quando tinha 5 anos de idade (alô, My Wife and Kids!).




O não ter faz parte da vida. E nossos filhos sempre precisam saber disso.

O apelo consumista da mídia sempre nos faz pensar que precisamos muito comprar, consumir e ter poder aquisitivo para fazer as crianças felizes, principalmente após o século XXI, quando o universo infantil começou a existir e as crianças a serem consideradas no mercado de consumo, ou seja: quando começaram a perceber que criança VENDE, E VENDE MUITO.


Notei que na verdade, a festa dos sonhos não fazia parte dos sonhos do Gael. Mas dos meus. Ainda faz, não vou mentir; como eu disse, ainda estou superando isso. Mas é um fato: Gael não precisa de festas de aniversário em casas e casas de festas pra ser feliz, nem para saber que eu o amo. Isso é traduzido todos os dias. O aniversário é apenas uma celebração desta tradução.

Se percebo algo em comum nas fotos de aniversário do Gael, em todos os aniversários, existe uma coisa: ele está sempre sorrindo. E eu sempre estou ao seu lado. Nunca houve um 10 de abril em que eu não o fizesse sorrir. E afinal, não é isso que importa?


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